Estou trabalhando na
compilação da obra seleta de Adelmo Oliveira, poeta baiano, natural de Itabuna e um dos
mais celebrados entre um grupo de escritores notabilizados por serem profundos
conhecedores da teoria do verso e exímios artífices, poetas que ficaram conhecidos
como Geração 60.
Há inúmeros poemas de
Adelmo que admiro, a exemplo dos belíssimos “Soneto da Última Estação” e “O Som
dos Cavalos Selvagens”, ambos de fases distintas, mas devidamente selecionados
para publicação, como também o que segue abaixo, que é “Pássaro”, dedicado a
Carlos Pena Filho, um soneto no melhor estilo do vate pernambucano, todo
vazado por decassílabos heróicos[i],
onde o poeta exprime a sua solidariedade ao homenageado, e por conseguinte a
todos os poetas, irmãos na solidão porque é nela que o ato de escrever se
consuma.
Pássaro
Para
Carlos Pena Filho, ausente
Eu canto e se cantar por solidão
A rosa em mim floresce no silêncio
Ninguém perturbe a paz deste momento
Em cuja fantasia eu me transvio
Muito menos turve a água desta fonte
Que bebo para o instante inumerável
Acaso sei de mim que transitório
Sustento um pé na terra, outro no
espaço
Sou, pássaro de pedra sou – Jamais
Neguei de expor ao sol meu corpo duro
Tenho postura de animal correto
Falo também a mesma língua escrita
Irmão que sou de tua solidão
Ó navegante além da mesma rota
Um comentário:
Entregas-te ao sol
em devoção do mesmo
Mostra a tua solidão
que de forma amena
reconheço!
Belo Poema;
Sigo-o.
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