Tudo bem, alguém poderá me dizer que o poeta do azul é Carlos Pena Filho. O seu “Soneto do desmantelo azul” é mesmo uma jóia, mas esse heróico do Silvério Duque, convenhamos, tem seu lugar, um soneto espirálico, marcado por esse último verso: “pois no morrer do azul, nós retornamos”, que deixa o poema em aberto. Muito bom mesmo!
O CARROSSEL DE MARK GERTLER
O carrossel, de Mark gertler (1916):
à Senhora Claudia Cordeiro, un souvenir...
Para Carlos Pena Filho
Por que pintei de azul a nossa estrada?
Por não trazer um céu sobre os sapatos.
Então, busquei, em gestos insensatos,
despir, do azul, o Azul da madrugada.
Para exigir então o azul ausente,
que se espargiu em tuas alpargatas,
roubei de ti o azul das coisas gratas,
que, em teu olhar, nasceu tão simplesmente.
Mas, vestidos de azul, nem recordamos,
haver tantos azuis que azuis se amassem,
qual o Mar e o Céu, no azul, nos espelhamos...
E, perdidos no azul, nos contemplamos,
porque, do azul, as coisas sempre nascem,
pois, no morrer do azul, nós retornamos.
Um comentário:
Excelente. E o verso final está perfeito, pede um suspiro após a leitura: belo soneto!
Postar um comentário