quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dois poemas de Myriam Fraga

Hoje, sexta-feira, estarei na Academia de Letras da Bahia dizendo algumas coisas sobre a sua obra, também sobre a obra de Ildásio Tavares. O evento está marcado para começar às 17 horas. Sábado, 19 horas, na livraria Praia dos Livros, é o lançamento de "Diálogos - Panorama da nova poesia grapiúna". Porto da Barra, ao lado do Instituto Mauá.

A esfinge

Revesti-me de mistério
Por ser frágil,
Pois bem sei que decifrar-me
É destruir-me.
No fundo, não me importa
O enigma que proponho.
Por ser mulher e pássaro
E leoa,
Tendo forjado em aço
As minhas garras,
É que se espantam
E se apavoram.
Não me exalto.
Sei que virá o dia das respostas
E profetizo-me clara e desarmada.
E por saber que a morte
É a última chave,
Adivinho-me nas vítimas que estraçalho.


Pasifae e o touro

Neste pasto sem fim,
Neste campo de flores,
Navego teu silêncio como um barco,
E como um barco navegas
Meu silêncio.
Toda palavra entre nós
Carece de sentido.
Apenas nos olhamos,
Enquanto a pele estala
Como um fruto.
Sou delicada e cruel,
Tu és manso e assassino,
Mas não posso tocar-te
E não ouso perder-te.
Contemplar-se
E contemplar,
Este o nosso destino.
Inexorável, à nossa volta,
Constrói-se o labirinto.

Um comentário:

Gerana disse...

Myriam também está no Leitora.