sexta-feira, 25 de setembro de 2009

SONETO AO VAQUEIRO...

ao amigo e velho vaqueiro consangüíneo, Miguel Carneiro

O vaqueiro, de Juracy Dórea (1980); Mista sobre azulejo

( pr’ uma aquarela à Emilio Moura )

Esquecidos, no vento, procuramos
por aquilo que outrora fomos – tanto
faz se a luz que nos guia agora é pranto,
se tudo se desfez... Nós perduramos.

Tudo torna a viver, e reencontramos
a força de existir, o próprio encanto
que transfigura o nosso grito em canto
oportuno, o caminho pr’onde vamos:

é a memória a deter a nossa sina
de ter, nos pés, os giros que há no mundo
e a vontade de amar que o Amor ensina,

porque a alma há de fazer sua própria sorte
ante o esplendor mais límpido e profundo
ou do anjo frio que nos trará a morte.
Silvério Duque

Um comentário:

José Carlos Brandão disse...

Gostei. Um soneto para se guardar. Reler com carinho, ruminar, saboreando.

Abraços.