quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Céu de Bombas


O poeta Jorge Elias Neto, em Janeiro de 2008, escreveu o poema Céu de Bombas, sobre o infindável conflito entre palestinos e israelenses, e o publicou juntamente com outros dois (de mesma temática) no livro “Rascunhos do Absurdo” (2010). A impressão que tenho é que mais mil anos passarão e esse conflito não acabará, por isso a sensação de perenidade que ele me sugere.

Céu de bombas

Por que choras por mim meu pai?

Cumpri com o que me coube
nessa Gaza de feras.

Em cada criança morta, sacrificada,
um objetivo insano.

Despeço-me do dia
sob flashs e bombas.

Uma fome doentia
molhou teu corpo com meu sangue.

Estrelas dos profetas cruzaram os céus
e pulverizaram os créditos de minha infância.

A ambição de poder comeu meu destino.
Com a força, roubaram-me o sorriso.

Meu pai, nem sei perguntar por quê.
Não tive tempo para me nutrir de ódio.

Pensando bem, pai,
que às lágrimas partam.

Transpareças a cor de teu rosto indignado
nas telas indiferentes do Mundo.

Sobretudo creia, pai,
creia no triunfo do olhar de tua filha,
fosco de morte,
voltado para esse lindo céu,
reluzente de bombas,
nessa noite de um domingo de fúria.

Obs: Saiba mais sobre o poeta acessando


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