quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Gullar lança novo livro, um monólogo para o teatro


É da razão e do acaso que se alimenta a inspiração do poeta Ferreira Gullar, de 82 anos - uma reflexão sobre a função do homem da Terra o incentivou a escrever, ao invés de um tratado filosófico e metafísico, uma peça de teatro, O Homem Como Invenção de Si Mesmo, lançado agora em livro pela José Olympio. E, a partir de uma inesperada desorganização provocada por seu gatinho nos recortes que formariam uma ilustração, Gullar partiu para uma nova forma de fazer colagens, trabalho que até lhe rendeu um prêmio Jabuti.

Leia o texto (em O Estadão) na íntegra, clicando AQUI

Um brinde a Carlos Drummond de Andrade


Se vivo estivesse, Drummond completaria hoje, 31 de outubro, 110 anos. Comemoremos ouvindo Caetano Veloso, Chico Buarque e Fernanda Torres recitando poemas formidáveis do poeta mineiro. Saravá, Drummond!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A existência não é mais que um incêndio


Há uma frase atribuída ao Oscar Wilde que tem me feito refletir sobre essa onda do politicamente correto, essa mania de não poder desagradar nunca. Diz ele o seguinte: “A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre”. Ele tem muita razão, sempre teve. Prefiro continuar – aos olhos de muita gente – a ser impopular, afinal, a existência não é mais que um incêndio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Cheiro de desonestidade intelectual no ar


A Editora Objetiva coloca em suspeição prêmio Jabuti concedido a Oscar Nakasato pelo romance Nihonjin

Embora a Câmara Brasileira do Livro defenda a lisura do regulamento que determina a eleição dos vencedores do Prêmio Jabuti, um odor nada agradável parece emergir na eleição do melhor romance, afinal, entre centenas de obras inscritas pelas mais diversas editoras, apenas dez são selecionadas para apuração final.  Sendo assim, parece notório que entre os finalistas todas as obras possuem valor e alguma importância. E mais: geralmente são obras escritas por autores de reconhecido talento. O vencedor foi o romance de Oscar Nakasato, Nihonjin, que a bem pouco tempo resenhei aqui pro blog (LEIA). Até aí, nada de mais, afinal, trata-se realmente de uma obra de muita qualidade.
O fato curioso, levando-se em conta a suposta qualidade de todos os finalistas, é que um dos jurados conceda nota zero para qualquer um dos concorrentes. Foi justamente o que aconteceu à “Infâmia”, de Ana Maria Machado. Entretanto, vejam só, os outros dois jurados atribuíram notas 10 e 9,5 à mesma obra.
Em nota oficial, a Objetiva (editora de Ana Maria Machado) colocou em suspeição o prêmio de melhor romance concedido a Oscar Nakasato (editado pela Benvirá). A editora quer saber se quando o jurado em questão definiu seu voto no último escrutínio, ele tinha conhecimento dos votos dos demais jurados na fase anterior. Pergunta ainda se o jurado teria atribuído a mesma nota zero ao romance em todas as rodadas de votação.
Concordo com a opinião de Roberto Feith (diretor do Grupo Objetiva) ao afirmar que esse voto (cujo jurado será conhecido apenas na entrega do prêmio) em vez de refletir uma avaliação qualificada (e neutra) de cada uma das obras finalistas, pode evidenciar a determinação de eleger uma obra a qualquer custo. Já Mansur Bassit, diretor executivo da CBL, comenta que o jurado não havia votado em “Infâmia” já na primeira etapa, e que tudo foi feito dentro do regulamento, mas reconhece que não chamaria o tal jurado novamente. 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CUZINHO


Henrique Pimenta

Se o chamo de cuzinho é porque adoro,
bichinho meu de estima lá na bunda.
As pregas me sorriem por desaforo,
dão fora, por que eu entre como funda.

Me empino bem de jeito e sem decoro,
o pétreo, pois, se acerca da cacunda
na mira de seu alvo, monitoro,
da tara para o tiro que aprofunda.

Em lentos movimentos com catarro,
o pênis-cateter no bom exame
explora o paraíso com carinho.

Em rápidos estoques, que bizarro!,
o golpe vem fatal, feito um tsunami,
e espirra a minha porra no cuzinho.

Em: 99 Sonetos Sacanas e uma Canção de Amor, p. 60. Campo Grande, MS, Life Edirora, 2012.
Conheça o blog do autor AQUI.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Quando o último turista


Miguel Marvilla

Quando o último turista for embora
e o corpo da cidade descansar,
vou poder achar uns trapos nas varandas
de lembranças que me esqueci de invocar.

Não agora, que a cidade é mais não minha,
vou poder me ver de novo, uma criança
recomposta pelo mar que vem da brisa
que, por pouco, por um quase, não me alcança.

(Não entendo como foi que houve um tempo
de delícias nessa terra – e não entendo
como foi que desse tempo eu me perdi.)           

Sou um homem sem passado, muito embora,
procurando, ainda eu me reste por aqui,
quando o último turista der o fora.

Marataízes (ES), 02.03.1992

Saiba mais sobre o autor AQUI.

domingo, 21 de outubro de 2012

Bíblica - Paulo César Pinheiro


Quem vê tudo o que fiz diz que são cismas.
Não é trabalho o meu, diz quem não cria.
Não sabem que se vivo de poesia
É porque a vida eu vi por outros prismas.

Me cansam de dizer que são sofismas.
E que ao real, prefiro a fantasia.
Mas eles próprios criam a utopia
Do que pode o poeta e seus carismas.

Que se à imaginação que tudo pede
A poesia curva-se e concede
Também se curvará a realidade.

Porque através do Tempo os sonhadores
Estão pelo caminho Igual pastores
Levando pelas mãos a humanidade.

Em: Viola Morena, p. 92. Ed. Tempo Brasileiro, 1984.    
Saiba mais sobre o autor clicando AQUI.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Se eu fosse um padre


Mário Quintana

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!

Leia a biografia de Mário Quintana.

sábado, 13 de outubro de 2012

Sugestão de leitura - Entrevista


Foi publicada neste sábado, na revista SEMANA, do Mato Grosso do Sul, uma entrevista que concedi ao poeta e jornalista Henrique Pimenta, bem como um texto – sobre minha poesia e coincidências – que me trouxe muitas alegrias justamente por revelar e dar prova de como a literatura pode nos proporcionar grandes, enormes encontros. Eta mundão pequeno! É só clicar AQUI

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A delícia e o desafio de ser pai


Nesse Dia das Crianças sugiro a leitura de uma crônica que escrevi há algum tempo sobre o Dia dos Pais. Vale apenas uma única observação: onde se lê Dia dos Pais, leia-se, Dia das Crianças. E tá tudo certo.
É só clicar AQUI

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Jotacê Freitas homenageia o Ministro Joaquim Barbosa com um folheto de cordel


JOAQUIM BARBOSA,
O HERÓI QUE O BRASIL NECESSITA!

Autor: Jotacê Freitas



Nascido em Paracatu
No Noroeste de Minas
Em uma família humilde
Joaquim Barbosa fascina
Pela coragem e ousadia
Inteligência sadia
Que ao povo anima.

O pai de Joaquim deixou
Sua mãe com oito filhos
Dona de casa bem simples
Que não usava espartilho
E educou todos eles
Não teve um nem aquele
Que saísse do seu trilho.

Aos dezesseis Joaquim
Começou a trabalhar
Faxinando um Tribunal
E não parou de estudar
Sempre em escola pública
Com sabedoria única
Batalhou pra se formar.

Durante esse período
Ajudava a família
Ao sair da faculdade
Resolveu seguir a trilha
Pós graduou-se  em Mestrado
Sobre Direito do Estado
Que nem a todos humilha.

Conheceu ele então
A importância social
De desvendar a Justiça
Pra que o povo em geral
Pudesse enfim saber
Que a lei é pra proteger
Todos do abuso do mau.

Empresários e políticos
Abençoados com a sorte
Acostumados com a lei
Só protegendo os fortes
Da cegueira da Justiça
Que pro rico dá cobiça
E ao pobre pena-de-morte.

Não aceitou preconceito
Nem a discriminação
Por conta da circunstância
Da sua situação
Jovem negro e também pobre
Mas nem um pouco esnobe
Em busca da ascensão.

Pra ter reconhecimento
Pra concurso estudou
E foi logo aprovado
Como um Procurador
Da República brasileira
E não comeu pelas beiras
Nem homem vil se tornou.

Sua mãe lhe ensinou
O quanto a honra custa
E a importância da ética
Que muito homem embusta
Quando chegasse ao poder
Iria estabelecer
Uma tese bem mais justa.

Fez Doutorado também
Virou Doutor de verdade
Diferentes dos que aí
Expõem só vaidade
Fala mais quatro idiomas
E a ninguém ele embroma
Nem usa de falsidade.

Defende o aborto sim
E outras questões polêmicas
Não quer que a corrupção
Seja doença epidêmica
Nunca fará vista grossa
Não há quem com ele possa
Na esfera acadêmica.

A Ação Afirmativa
Defende com veemência
O Princípio da Igualdade
Pra ele é a grande decência
Fura-fila ele detona
Enfrenta cara turrona
Sem medo ou subserviência.

Um dia a Pátria mãe
Mais uma vez distraída
Acreditou nas estrelas
Em bondosas travestidas
E o povo mais uma vez
Da mentira foi freguês
E a Nação foi traída.

Criaram a Bolsa Família
No rastro da Bolsa Escola
Um tipo de cala-boca
Uma ajuda uma esmola
Esqueceram a igualdade
Com transparência e verdade
Formaram uma curriola.

Pra se manter no poder
Compraram parlamentares
Desviando do erário
Pra bancos particulares
Foi dinheiro na cueca
Pra cabeludo e careca
Distribuíram milhares.

Tem Juiz lewando whisky
Do antigo Presidente
Que criou o Mensalão
Mas que está bem ausente
Dos autos no Tribunal
E não irá passar mal
Sem atitude da gente.

Não teve barba ou charuto
Que pudesse desmentir
Todas estas falcatruas
Mas tentaram impedir
Um julgamento supremo
Pra não mostrar o veneno
Dos que querem se eximir.

Um já pediu demissão
Do seu cargo na Defesa
Outro insiste em apelar
Pra tribunais sem destreza
Tem quem não tá nem aí
E nem vai sair daqui
Por que não crê em surpresa.

Agora ficam dizendo
Que são todos inocentes
Foi só a arraia miúda
Que enganou nossa gente
Os mangangões do poder
Dizem de nada saber
E agem indiferentes.

Até choro com suplício
Ocorreu lá no Congresso
Carta aberta ao povo
Com desculpas em excesso
Mas pela primeira vez
Político vai pro xadrez
O Supremo faz sucesso.

Pois se eles são inocentes
Este Tribunal é louco
Mesmo sem provas nos autos
Do nosso povo faz pouco?
Não venham com essa conversa
A velha lógica perversa
De que ‘tavam dando o troco.

Mesmo assim Joaquim Barbosa
Não aceita a louvação
Atribui ao Tribunal
O mérito da condenação
Ele apenas relatou
Com as provas que encontrou
Nos autos desta Ação.

Que bom que todo o processo
Passou na televisão
Mostrando o destemor
Dos juízes de plantão
Mas nem a dor na coluna
Vai tirá-lo da tribuna
Em defesa da Nação.

Agora que é Presidente
Do Supremo Tribunal
Torço pra que outros juízes
Sigam o exemplo legal
Que a Justiça não seja rara
Mas um instrumento para
Transformação social.


sábado, 6 de outubro de 2012

O pavão vermelho


Sosígenes Costa

Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.

Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.

É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.

Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora.

Conheça mais sobre o autor AQUI.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Breve resenha sobre Procura e Outros Poemas


Foi publicado ontem, no Jornal Correio da Paraíba, um texto escrito por Astier Basílio, jornalista e poeta que dispensa apresentações, sobre meu livro mais recente, Procura e Outros Poemas.

clique na imagem para ampliá-la

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ferreira Gullar em plena forma


Ninguém em sã consciência pode deixar de ler a entrevista com Ferreira Gullar, publicada na edição mais recente da Veja. Trata-se de um conteúdo que entrará, seguramente, com louvor na biografia do poeta. O homem está em plena forma e no ataque, como sempre. Eis a sua resposta para uma pergunta que coloca em dúvida seu posicionamento ideológico:

“Eu, de direita? Era só o que faltava. A questão é muito clara. Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é. Pensar isso a meu respeito não é honesto. Porque o que estou dizendo é que o socialismo acabou, estabeleceu ditaduras, não criou democracia em lugar algum e matou gente em quantidade. Isso tudo é verdade. Não estou inventando”.

Pois bem, eis AQUI UM LINK para a íntegraparte da entrevista. Eu, como não sou assinante, terei que correr atrás do meu exemplar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O falecimento do poeta Octávio Mora


Reproduzo abaixo, um texto de Jessé de Almeida Primo, postado hoje no facebook, a respeito do falecimento daquele que é um dos maiores poetas injustiçados do país.

“Soube hoje do falecimento de um dos maiores poetas do país, Otávio Mora, autor de duas obras-primas da nossa literatura, Ausência Viva e Terra Imóvel, ambas dos anos 50. Pedro Sette-Câmara me enviara um e-mail informando do fato e disse que o soube pelo jornal O Globo, no qual informava ter lido apenas "uma nota de falecimento(...), que não dizia nem quando, nem como, só manifestava saudades". Quando um poeta desse porte morre e os cadernos culturais não se ocupam do assunto, é porque de fato o país está embrutecendo”.

Confira AQUI o poema abaixo, um dos mais belos de Octávio Mora, com o comentário de Pedro Sette-Câmara. AQUI pode-se ler uma postagem antiga que fiz com poemas do autor.

IFIGÊNIA
Octavio Mora

Como estátua de vento, pedra gasta,
sopra Ifigênia sempre na memória,
e estamos nela sem escapatória
como o tempo nas pedras: só se afasta
(devido à semelhança com o vento
de seu todo), para estar em nós, aérea,
desprovida de contornos, em matéria
capaz de dar volume ao pensamento
que surge do que some: quando volta
volta cheia de pássaros e tudo
se lhe gruda ao olhar: reminiscência
de seus passos, o pássaro se solta
e em nós gravita a terra: conteúdo
e volume final de sua ausência.