Mário
Quintana
Se eu fosse um padre,
eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem
no Pecado
— muito menos no Anjo
Rebelado
e os encantos das suas
seduções,
não citaria santos e
profetas:
nada das suas
celestiais promessas
ou das suas terríveis
maldições...
Se eu fosse um padre eu
citaria os poetas,
rezaria seus versos, os
mais belos,
desses que desde a
infância me embalaram
e quem me dera que
alguns fossem meus!
Porque a poesia
purifica a alma
...e um belo poema —
ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre
leva a Deus!
Poema extraído do livro
"Nariz de Vidro", Editora Moderna - São Paulo, 1984, pág. 52.
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